quinta-feira, 29 de abril de 2010
Lá de cima, olhando do 30º andar, as ondas do mar pareciam outra coisa: outro tamanho, outra intensidade, outro desenho, diante daquela imensidão. Pequenos e esparsos movimentos, um bocadinho crespos, no tecido aparentemente liso, aparentemente plácido, das águas. Mesmo olhando numa perspectiva bem diferente da habitual, era possível perceber que a cara daquele mesmíssimo mar era outra para quem estava lá embaixo, dentro dele, interagindo com ele, olhando de lá. Era possível perceber, principalmente, pela dança dos corpos quando as ondas quebravam na arrebentação. Corpos subiam, corpos desciam, alguns eram lançados na direção da areia. O mar era o mesmo. A experiência, não.
Lá de cima, olhando do 30º andar, eu lembrei que alguns problemas da gente cabem sem aperto nem sobra no que sugere essa metáfora. Às vezes, quem olha de fora, quem olha de longe, pode achar que eles são pequenos porque simplesmente não está dentro deles, interagindo com eles, subindo, descendo, de quando em quando sendo arrastado. Lembrei também que às vezes a gente só precisa do exercício de recuar o coração do lugar onde as ondas quebram, brincar um pouco com o efeito do zoom, olhar de fora, olhar de longe, para ter outra perspectiva do tamanho do problema, da intensidade dele, do seu desenho.
Alguns problemões não passam de probleminhas quando olhados sob a perspectiva do vasto mar, incomensurável mar, que nós somos. E das ondas todas que já encaramos.
[Ana, a entendedora dos assuntos!rs]
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