quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010


"A única pessoa a quem devo dar satisfações é a mim próprio e, dentro de certas limitações, eu me sinto relativamente cumprido com o que fiz de mim mesmo. Entenda isso."

(Caio Fernando Abreu)

Hoje eu amanheci completamente feliz, acho que deve ser o efeito de ficar rindo cercada de amigas uma noite inteira.

[Camila Meneghetti]
"Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações..."

[Eça de Queiroz]

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Se um dia fizerem uma música pra mim, eu caso. Não consigo ser discreta. Falo alto, dou risada das desgraças dos outros, adoro falar. Confiante. Contraditória. Cicatrizes. Histórias. Dizem que no inesperado Deus abre várias portas. E é disso que eu gosto. Eu me viro. Tudo certo como 2+2=5.

Tati B.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer.


Ah, Clarice...

Ah, mas esse dia vai chegar...

Um dia quando você menos esperar, eu vou voltar cantando, como se nada tivesse acontecido.
Cazuza
''Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração respingado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.

Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante pra não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.

Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo.''
Eu sofro de “Minfobia”
Tenho medo de mim mesmo, mas me enfrento todo dia.

(Millôr Fernandes)

Exatamente isso...

Além disso, sou terrivelmente instável e entender as minhas reações é coisa que às vezes nem eu mesmo consigo.

Meu Caio...rs
"…porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias.”



- Caio

"O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo."


Cris Guerra
"Se ele soubesse que ela vai morrer amanhã, talvez a deixasse entrar. Se ele soubesse que ela vai morrer amanhã, talvez se permitisse, na tentativa de tomar fôlego, amar com a urgência de que tem sede. Se ele soubesse, sua vida passaria como um filme e ele tomaria a pressa que cura. Mas ele não sabe. Não tem a urgência que faz buscar o ar num segundo. Ela vai morrer amanhã. E, antes dela, o amor vai morrer numa curva, quando for só um fio fino de esquecimento. Tudo vai morrer e acabar amanhã. Mas ele não sabe. Permanece imóvel, temendo o que vai acontecer amanhã."

[Cris Guerra]

(Queria que você entendesse isso de uma vez por todas....)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

'Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.'

[Caio F.]Ca
'Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.'

[Guimarães Rosa]

"Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve."


[Alice Ruiz]
"Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Não sei, não quero pensar. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro."


[Caio, sempre!]
Só é grave aquilo que é necessário, só tem valor aquilo que pesa.

[Milan Kundera]
Se tivessem ficado juntos mais tempo, talvez pouco a pouco as palavras de um tivessem começado a ser compreendidas pelo outro. Seus vocabulários se teriam aproximado com pudor, lentamente, como amantes muito tímidos, e a música de um começaria a se fundir na música do outro. Mas era tarde demais.

[Milan Kundera]

Será que resolve?

Muitas vezes nos refugiamos no futuro para escapar do sofrimento. Imaginamos uma linha na pista do tempo e pensamos que a partir dessa linha o sofrimento presente deixará de existir.

[Milan Kundera]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sou duas metades inversas:
sinto, penso;
corro, pondero;
ajo, reflito;
às vezes, me sinto em processo de decadência,
ou, com sorte, me jogo ao alto.
Quer saber?
Não vou me preocupar mais com as regras do jogo.

Decidi apenas seguir o desenrolar da vida.

[Tatá, minha amiga linda!]

'E é no jogo bobo e repetido que vai se revelando: o que passa, o que vem para ficar, o que é só caminho, o que é lugar para morar.'



[Cris Guerra]

Esse poder...

Só quem tem o poder de te fazer sentir viva, pode fazer você se sentir morta. Só quem arrepia cada centímetro do seu corpo e faz você sentir o sangue bombear num ritmo charmoso, é capaz de estragar o mundo quando parte. Só quem tem o poder de tornar o mundo leve e fazê-la flutuar, também pode afundar sua noite e fazer com que seu corpo se arraste pelos restos que sobraram da festa."

(Tati Bernardi)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


'Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar...
eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...'


[Pe. Fábio de Melo]

Digitais...

Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso
Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido
E te liguei
Me encontro tão ferida, mas te vejo ai também em carne viva
Será que não tem jeito?
Esse amor ainda nem nasceu direito, pra morrer assim

Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
É que eu não posso mais

Não vou voltar atrás
Raspe dos teus dedos minhas digitais
Eu não vou voltar atrás
Apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço
Eu não vou, eu não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos

Me mata essa vontade de querer tomar você num gole só
Me dói essa lembrança das suas mãos em minhas costas
Sob o sol da manhã
Você já me dizia: conheço bem as suas expressões
Você já me sorria ao final de todas as minhas canções
Então por que?

Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
É que eu não posso mais

Não vou voltar atrás
Raspe dos teus dedos minhas digitais
Eu não vou voltar atrás
Apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço
Eu não vou, não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos
Cheio de defeitos...

[Isabella Taviani]
no peito, muitos és:
esperanças, expectativas, entusiasmo,
envolvimento, energias, encantamento, euforia,
em frente,
seguido do sempre.

Renata Carneiro
Sabemos que aquilo que vive tem seu tempo e, quer queira, quer não, é ininterruptamente tocado pela mudança. Sabemos que ela, com suas mãos hábeis e movimentos às vezes imperceptíveis, modifica as feições de tudo a cada segundo, essa inventiva e imprevisível desenhista. Sabemos, mas em geral agimos como se ignorássemos, quem sabe no afã de ignorarmos que também a nossa vida, queiramos ou não, dança de acordo com a música da irrevogável lei da impermanência. Por mais que possa ser difícil admitir, não temos o mínimo controle com relação ao tempo de nada, inclusive do nosso. Saber disso pode ser apenas assustador. Saber disso pode, de variados jeitos, nos fazer sofrer e amarrar os nossos passos. Mas a clara consciência disso também pode abrir nossos caminhos. Também pode fazer uma diferença incrível. Também pode ser uma perspectiva que nos motive a viver a oportunidade de cada instante com mais atenção, responsabilidade, afeto, liberdade, inteireza.

Adiar fotos de botões de flor e perder o instante deles, vamos combinar, não constitui problema. Não nos tira o sono. Não macula a nossa paz. Não bagunça a nossa luz. Não faz o nosso amor engasgar. Não faz nenhuma culpa efervescer. Mas não podemos dizer o mesmo com relação à ternura adiada. Ao abraço adiado. Ao prazer adiado. À verdade adiada. À liberdade adiada. Ao perdão adiado, solicitado ou concedido. À expressão adiada da nossa sincera gratidão. Ao adiamento do cuidado de facilitar a nossa própria vida e também a vida alheia que, às vezes, tantas vezes, por mais estranho que nos pareça, pode ser facilitada por um ínfimo gesto nosso, umas poucas palavras que revelem o nosso afeto com transparência. Um sorriso daqueles bons. Um olhar generoso com o coração da gente todinho nu.

O instante de cada uma dessas bênçãos, embora por costume não imaginemos, pode ser irrecuperável também como a foto daquele tal botão de flor. O único presente que podemos dar para a nossa vida e para outras vidas, na oportunidade de cada respiro, é estarmos plenamente presentes. Sinceramente, presentes. Amorosamente, presentes. Livremente, presentes. É sermos presentes para nós mesmos e também uns para os outros com o coração. Adiamento é sempre dúvida. Às vezes, dívida.
"Isso tudo nunca foi pra mim, nunca funcionou, é sempre eu que caio, de amores, ilusões, dores e no final de tudo eu fico aqui, esperando esse trem, pra me levar para a proxima estação, onde eu possa finalmente criar uma nova ficção na minha cabeça, uma nova atração para os meus olhos, uma nova paixão pro coração, e quem sabe, um final pra este roteiro."




Caio, sempre.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Vai passar...

“Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, “hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu”).

Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida.

Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar.

Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida.

A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Antônio Prata
Mas não ignore o que eu sou por não ter forças em me decifrar, não fuja antes de saber o que eu posso fazer pra te dar uma vida. Seu medo é de ser feliz? Então dividimos esse pavor doentio da alegria, podemos partilhar o pânico de sorrir até que a tristeza não faça mais sentido a dois.

Se sua partida é mesmo inevitável, se seu sonho é mesmo indispensável, se sua vida é mesmo impenetrável, ao menos arrisque me carregar junto de você.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

gosto do arranhar dos dedos no d e d i l h a r do violão.
gosto do porquê da junção que forma maré.
gosto de me ver refletida nos olhos teus.
gosto de ler sorrisos. e de desviar lágrimas.
gosto do sol das seis, bem alaranjado.
gosto da lua cheia, acordando meus arrepios. e da lua que sorri,
pra mim.
gosto de procurar a minha estrela, escolhida a dedo.
gosto do carinho do vento. das cócegas na alma.
e das borboletas no estômago.
gosto do desabrochar. do próximo instante. e do acaso.
gosto do ficou. do que é. e do que virá.
gosto do que começa com . de pequenas coragens. e do verbo seguir.
gosto da dança de dentro. do ritmo das horas. e do gingado do tempo.
gosto do cheiro da lembrança. do gosto do agora. do som do amanhã.
gosto de sonhos amanhecendo e urgências dormindo.
gosto de recuperar sorrisos e descobrir ângulos.
gosto de voar por cima.
gosto do que mora nas pequenas coisas. gosto do que é
cheio de sentido.

[Renata Carneiro]
Ela era de leve como uma idiota, só que não o era.
Não sabia que era infeliz.
É porque ela acreditava.
Em quê?
Em vós, mas não é preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa - basta acreditar.
Isso lhe dava às vezes estado de graça.
Nunca perdera a fé'

[Ah, Clarice...]
"Eu escrevo teu nome nessas pedras, que vou jogando por onde passo. No fundo, espero que você me siga, mas não tenho coragem de pedir. Aí, tem gente que vem, sem nem ser chamado, sem nem se importar com o fato do nome escrito ali, ser outro. As pessoas não ligam pr´essas pequenezas, sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo. Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui. O fato é que fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas quantas vezes. Esses dias mais. Isso porque não sinto teu cheiro no ar, não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um quase-medo. Embora, não tenha a menor idéia de quê. Sabe quando você pressente o monstro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo. Não me importo mais com um monte de coisas. Dos benefícios do tempo. Hoje, parei e sentei bem aqui na beira desse rio que me atravessa. Só pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá. Sim, porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei. Mas, ando me sentindo fraca e cansada. Tenho andado demais, jogado pedras demais, esperado demais e você não me alcança. Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os pensamentos. Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais bonitos."



[Briza Mulatinho]