terça-feira, 2 de agosto de 2011


"Taí. Tá bom. O amor venceu. Você venceu. Venceu. Venceu. Venceu. E eu acabo de descobrir, simples assim, a única maneira de me livrar desse sentimento: aceitando ele, parando de querer ganhar dele. Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor. E foda-se você."

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sabe, minhas lágrimas andam tão arrastadas, cansadas
e já não sabem mais escorrer pelo mesmo olhar
ou por outro tempo que só deixa passar mais um dia
pela mesma rotina, pela mesma falta.

Ando tão só, tão minha
que às vezes me desconheço nessas esperas,
não permaneço no abraço, não faço morada
nos olhares e só quero estrear a mesma alegria

e pareço não caber mais em mim
quando me dói tanto prender esse meu eu tão só
dentro dos olhos. Por isso, acho que vou sair.

Vou me deixar cair por aí, no teu pensar, no teu corpo...
já estou mesmo tão miúda que daqui pra frente
já não me importo. Se depois vou ficar ou afogar.

Agora eu sei que só quero esgotar esse meu excesso
no teu colo.

(Priscila Rôde)

terça-feira, 26 de julho de 2011




É que tudo, tudo o que há amor embutido costuma deixar em nossos caminhos, ricas defesas que sabem intimidar (muito bem) os repetidos tropeços.

segunda-feira, 25 de julho de 2011




Ocorre-me agora, neste dia de sol, que te escrevo esta carta-pra-mim pois em breve vou conhecer a tua Praga. Teu espelho de mundo. Sentirei carinho ao lembrar-me de ti, quando estiver lá? A doçura secou, acho. O anel que tu me destes era de vidro.
Quebrou.
Enfim (eu falo de fim o tempo todo, não?)...

Hora de revisar...




"Por fim, veio a reflexão de que, afinal de contas, não se tem o direito de desesperar por não ver confirmadas as próprias expectativas; deve-se fazer uma revisão dessas expectativas."

(Freud)



"- O importante nesta vida não é aquilo em que se põe o amor, mas sentir o amor - respondeu ele em tom compenetrado, terminante e decisivo."

(Marcel Proust)


O passado é só mais um presente (bem embrulhado)
que nunca soube desfazer os seus laços
e permanecer.

Priscila Rôde

domingo, 17 de julho de 2011

Drásticas conclusões.



Hoje eu queria te falar que tem coisas que machucam. Te ver feliz, por exemplo. Não, não pense que eu sou uma malvada ou desgraçada ou descarada ou desalmada. Ou talvez pense, pois talvez eu seja tudo isso e mais um pouco. É, talvez. Hoje eu só penso no talvez. Se você não tivesse ido embora talvez as coisas não tivessem chegado a esse ponto, entende? Mas você foi, eu fiquei e junto comigo ficou uma coisa entalada na garganta.


Não gosto dessa sensação azeda de coisa mal resolvida. Comigo tudo é muito limpo e exato e você chegou virando minha vida do avesso, me bagunçando, me dando frio na barriga, fazendo minhas pernas tremerem e meu coração desacelerar. É, eu sei que quando a gente se apaixona o coração acelera, o meu fez o caminho contrário, devia ter percebido ali, logo ali que tinha algo errado. Mas não.


Fiquei encantada, era puro encanto o que eu sentia por você. Aquele olhar manso e sedutor chegou me convencendo de mansinho que a vida valia mesmo a pena, que você valia mesmo a pena, que você valia cada lágrima besta e salgada que eu engolia noite após noite. Você conseguiu fazer da minha vida o mais lindo paraíso e o mais horrendo inferno. E eu gostei, sabe? Gostei alucinadamente. E ninguém suspeitou, nem eu. Porque devo ter um lado maluco que gosta de sofrer, que gosta de chorar, que gosta de implorar, que gosta de sentir dor, muita dor. Dor é o nome daquilo que você me causava. Mas era como droga, eu gostava, pedia mais, você me dava e aí eu vivia viciada, suja, pelos cantos, caidaça. Ninguém desconfiou. Nem eu.


Hoje eu queria te falar que tem coisas que machucam. Te ver feliz, por exemplo. É isso mesmo. Me machuca te ver feliz assim, tão rápido. Você sentiu saudade? Você ainda pensa em mim? Você ainda sonha comigo? Ainda resta alguma coisa? Parece que não, você fica por aí todo sorridente, todo felizinho, como se eu não tivesse existido nenhum dia, nenhuma vez e você existiu aqui e ainda existe dentro de mim todos os dias. É, no mínimo, injusto. Mas a vida não é justa, eu sei, você sabe, nós sabemos e te ver feliz é a pior coisa que podia ter me acontecido.


São coisas assim que me dão a certeza de que só eu vivi aquele sentimento.




(E você é o maior bosta que já conheci na vida)

O que se tem pra hoje.

Oi, tudo bem. Não está nada bem. E você devia pensar antes de ensaiar coisas assim novamente. E você deveria me conhecer o suficiente para saber o quanto essas coisas vão destruindo outras. Mas tudo bem. Tudo sempre fica bem.

sábado, 16 de julho de 2011


"(...) Não posso mais emprestar mistério ao vazio, vida ao oco, esperança ao defunto, saliva ao seco. Não posso mais emprestar meus desejos para que pessoas se tornem desejáveis. E, finalmente, não posso mais inventar amor só para poder falar dele."

(Tati Bernardi)

domingo, 19 de junho de 2011


''Aprendi com o tempo das fugas e com o resultado de cada uma delas que podemos adiar o encontro do nosso olhar com os olhos perturbadores da dor, mas não tem jeito: em algum quarteirão da vida, eles vão se encontrar. Por isso, agora, toda vez que acontece, escolho ficar em casa. Escolho encarar de uma vez. Mergulho inteirinha, protegida com o escafandro da fé e do amor que me habitam.
É o que aprendi com as dores.
E a vida é tão mágica que, lá no fundo mais fundo do oceano nada pacífico de cada uma delas, lá no instante ou quase em que a pilha da lanterna acaba, a gente descobre um jeito novo, muito lindo, muito nosso, comovente muitas vezes, para conseguir emergir e transformar o que parecia impossível de transformação. E não é exagero dizer que geralmente emergimos mais corajosos. Mais ternos. Mais bondosos. Mais nós mesmos. Mais conscientes do que, de verdade, nos importa.
No fundo mais fundo, não é raro nos sentirmos sozinhos. Estamos doendo tanto que, pra começo de conversa, a nossa própria presença nos falta, isto que é a mais perigosa solidão. Mas é um engano temporário, comum nos tempos em que os nossos olhos estão embaçados demais pelo medo: tanto faz o aparente e transitório tamanho da solidão, não estamos sozinhos nunca. E não estamos mesmo.

O amor, não importa de que forma se manifeste, encontrará maneiras para nos tirar lá desse lugar com recursos às vezes inimagináveis. ''